📊 Guia prático para coordenadores, diretores e equipes técnico-administrativas

Guia de Execução do Orçamento Descentralizado

Orientações da Pró-Reitoria de Administração e Finanças (PROAD/UFJ) para planejamento, elaboração do Plano de Trabalho e execução de despesas com recursos descentralizados às unidades acadêmicas e administrativas.

Universidade Federal de Jataí (UFJ) PROAD · Orçamento, Planejamento e Execução

1. O que é orçamento descentralizado? Conceito geral

Entenda, em linguagem simples, o que significa “ter orçamento descentralizado” e o que isso implica na rotina da unidade.

O orçamento descentralizado é a parcela do orçamento institucional da UFJ que é planejada e operacionalmente vinculada a uma unidade acadêmica ou administrativa. Em geral, essa descentralização ocorre por meio de:

  • Planejamento prévio da unidade (PCA, demandas planejadas);
  • Definição de um PTRES ou outro identificador orçamentário vinculado à unidade;
  • Registros e controles internos da PROAD para acompanhar a execução.
Em resumo: ter orçamento descentralizado significa que a unidade tem um “envelope de recursos” previamente pactuado e que deverá executar as despesas por meio de um Plano de Trabalho e dos fluxos administrativos definidos pela PROAD.

O que o orçamento descentralizado não é?

  • Não é “dinheiro em caixa” dentro da unidade;
  • Não autoriza a unidade a contratar diretamente, sem passar pelos setores responsáveis;
  • Não dispensa o cumprimento da legislação orçamentária, financeira e de contratações públicas.
A unidade é responsável pelo planejamento e pela coerência técnica do uso dos recursos, mas a execução orçamentária e financeira continua sob a competência dos setores da PROAD.

2. Minha unidade possui orçamento específico ou descentralizado? Primeira pergunta

Antes de planejar despesas, é importante identificar como sua unidade está inserida na estrutura orçamentária da UFJ.

Passo zero: confirmar a situação da unidade em relação ao orçamento.

🔍 Como saber se minha unidade possui orçamento descentralizado?
  • Verifique se a unidade consta em documentos de planejamento (PCA, planos internos da PROAD);
  • Confirme junto à PROAD se há PTRES, plano orçamentário ou dotação vinculada à unidade;
  • Consulte orientações formais enviadas por e-mail, memorandos ou despachos sobre recursos para a unidade.

Em caso de dúvida, a unidade deve encaminhar questionamento formal à PROAD, indicando o exercício (ano) e a natureza das atividades que pretende executar.

✅ Minha unidade tem orçamento descentralizado: o que isso significa na prática?

Significa que a unidade poderá planejar e executar despesas, conforme limites e regras estabelecidos, a partir de um Plano de Trabalho (PT), em articulação com a PROAD.

Isso envolve:

  • Classificar as despesas por naturezas de despesa (ND) adequadas;
  • Respeitar os limites orçamentários e cronograma de desembolso da UFJ;
  • Encaminhar adequadamente os processos no SEI para cotação, contratação e pagamento.
🚫 Minha unidade não tem orçamento descentralizado: como proceder?

Nesses casos, as demandas da unidade também podem ser atendidas, mas normalmente por meio de:

  • Inclusão das necessidades em planejamentos mais amplos (manutenção predial, TI, insumos gerais, etc.);
  • Processos conduzidos diretamente pela PROAD, com participação da unidade na instrução técnica.

Mesmo sem orçamento descentralizado, a unidade deve planejar suas demandas e dialogar com a PROAD para alinhamento de prioridades.

3. Conceitos básicos para entender o orçamento descentralizado Glossário mínimo

Alguns termos aparecem com frequência na rotina de planejamento e execução. Abaixo, um glossário rápido e prático.

🧩 PTRES / Unidade Orçamentária / Ação

PTRES é um identificador orçamentário (Programa de Trabalho Resumido) que associa:

  • A Ação orçamentária (por exemplo, Funcionamento das IFES);
  • A Unidade Orçamentária (UFJ);
  • E outros parâmetros definidos nacionalmente.

Em muitas situações, a PROAD faz o controle interno indicando qual parte do PTRES está “comprometida” com cada unidade.

💰 Natureza de Despesa (ND)

A Natureza de Despesa é um código que indica “o que está sendo comprado/pago” do ponto de vista contábil. Exemplo:

Código Descrição Exemplo
33.90.30 Material de Consumo papel, cartucho, insumos de laboratório
33.90.39 Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica serviços gráficos, manutenção, consultorias
44.90.52 Equipamentos e Material Permanente computadores, mobiliário, aparelhos

No Plano de Trabalho, a unidade distribui os valores entre as NDs conforme o tipo de despesa prevista.

📑 Plano de Trabalho (PT)

O Plano de Trabalho é um documento semi-contábil e de gestão no qual a unidade define:

  • Quais despesas pretende realizar;
  • Quanto pretende gastar em cada natureza de despesa;
  • Em que período essas despesas tendem a ocorrer;
  • Qual objetivo técnico do uso dos recursos.

Ele é a “ponte” entre o planejamento acadêmico/administrativo e a execução orçamentária conduzida pela PROAD.

🔄 Fases da despesa: empenho, liquidação e pagamento

Toda despesa pública passa, em geral, por três fases principais:

  1. Empenho: reserva do orçamento para uma despesa específica;
  2. Liquidação: comprovação de que o serviço foi prestado ou o bem entregue;
  3. Pagamento: quitação do compromisso com o fornecedor/credor.

A unidade atua principalmente: na fase pré-empenho (planejamento e instrução do processo) e na liquidação (atestando recebimento/execução).

4. Plano de Trabalho (PT) da unidade Coração do processo

O Plano de Trabalho é o documento central para organização do orçamento descentralizado da unidade.

O que é o Plano de Trabalho?

O Plano de Trabalho é um instrumento em que a unidade responde, de forma estruturada, à pergunta:

“Como pretendemos utilizar o orçamento descentralizado, ao longo do ano, em termos de tipos de despesa e valores?”

Em termos práticos, o PT funciona como uma planilha estruturada, na qual cada linha reúne: natureza de despesa, descrição resumida, valor previsto e, quando aplicável, mês ou período estimado da execução.
🧱 Estrutura mínima de um Plano de Trabalho
  • Identificação da unidade (nome, sigla, responsável);
  • Exercício (ano de referência do orçamento);
  • Objetivo geral do uso dos recursos (ex.: apoio às atividades de ensino, pesquisa, extensão, gestão);
  • Quadro por natureza de despesa, com:
    • Código da ND;
    • Descrição da ND;
    • Descrição resumida do que se pretende adquirir/contratar;
    • Valor previsto;
    • Observações (cronograma, projetos vinculados, etc.).
  • Responsáveis (direção/coordenação, servidor de referência);
  • Assinaturas ou ciência digital, conforme normas da UFJ.

A PROAD poderá disponibilizar um modelo padrão em planilha para preenchimento.

Link sugerido: Modelo de Plano de Trabalho

📌 Exemplo simplificado de quadro do Plano de Trabalho
ND Descrição ND Descrição da despesa Valor previsto (R$)
33.90.30 Material de Consumo Insumos de laboratório e materiais didáticos 15.000,00
33.90.39 Serviços de Terceiros – PJ Manutenção de equipamentos e serviços gráficos 10.000,00
44.90.52 Equipamentos e Material Permanente Computadores para laboratório de ensino 25.000,00
⚠ Erros comuns ao elaborar o Plano de Trabalho
  • Usar naturezas de despesa inadequadas ao tipo de gasto planejado;
  • Informar valores muito genéricos, sem conexão com pesquisas de preço ou estimativas razoáveis;
  • Planejar despesas que não são compatíveis com o perfil da unidade ou com a ação orçamentária;
  • Esquecer despesas recorrentes importantes (manutenções, insumos permanentes, contratos em andamento);
  • Não deixar margem de flexibilidade mínima para ajustes durante o exercício.

Em caso de dúvida sobre a natureza de despesa ou classificação, recomenda-se consultar a PROAD antes de consolidar o PT.

5. Passo a passo para executar um orçamento descentralizado Fluxo visual

A seguir, um fluxo simplificado do ciclo de vida do orçamento descentralizado para a unidade: do planejamento à prestação de contas.

Fluxo geral do orçamento descentralizado (visão macro)
Cada etapa envolve ações específicas da unidade e da PROAD.
1
Planejamento interno
Levantamento de necessidades da unidade (ensino, pesquisa, extensão, gestão) e priorização.
2
Plano de Trabalho
Preenchimento do Plano de Trabalho com NDs, descrições e valores previstos. Validação interna.
3
Análise da PROAD
Conferência do PT, compatibilidade com limites orçamentários e ajustes necessários junto à unidade.
4
Execução das despesas
Abertura de processos no SEI, cotações, contratação, empenho, liquidação, pagamento e acompanhamento.
Fluxo detalhado (etapa a etapa)
O que a unidade faz em cada momento do ciclo da despesa.
1
Diagnóstico de necessidades
  • Mapear demandas de bens, serviços e insumos para o exercício;
  • Ouvir coordenações de curso, laboratórios, setores internos;
  • Priorizar o que é essencial para o funcionamento e as atividades finalísticas.
2
Elaboração do Plano de Trabalho
  • Preencher o modelo de PT com as NDs e valores estimados;
  • Garantir coerência entre descrição da despesa e natureza de despesa;
  • Submeter o PT à direção/coordenação da unidade para validação.
3
Envio à PROAD e validação
  • Encaminhar o PT à PROAD por meio de processo SEI específico;
  • Acompanhar eventuais ajustes solicitados (troca de ND, adequação de valores etc.);
  • Aguardar a confirmação de que o planejamento foi validado.
4
Abertura de processos de despesa
  • Para cada despesa planejada (ou grupo de despesas), abrir processo SEI;
  • Justificar a necessidade à luz do Plano de Trabalho;
  • Anexar documentos técnicos, termos de referência, especificações, orçamentos, conforme o caso.
5
Cotação, análise e contratação
  • A PROAD conduz as etapas de cotação e contratação, conforme legislação;
  • A unidade pode ser chamada para esclarecer especificações ou prioridades;
  • Após a escolha da melhor proposta, o processo segue para empenho.
6
Empenho, liquidação e pagamento
  • Empenho: a PROAD registra a reserva orçamentária;
  • Liquidação: a unidade atesta a entrega do bem ou a prestação do serviço;
  • Pagamento: a PROAD efetiva o pagamento ao fornecedor/credor.
7
Acompanhamento e prestação de contas interna
  • Unidade e PROAD acompanham a execução do PT (valores utilizados x planejados);
  • A unidade organiza registros internos para demonstrar a boa aplicação dos recursos;
  • Ao final do exercício, avalia-se o que deu certo e o que pode melhorar para o próximo ano.
Este fluxo pode ser adaptado para diferentes tipos de despesa (material de consumo, serviços, equipamentos), respeitando normas específicas de cada modalidade de contratação.

6. Boas práticas e erros a evitar Orientações práticas

Algumas recomendações ajudam a tornar a execução do orçamento descentralizado mais eficiente e segura.

Boas práticas recomendadas

  • Planejar com antecedência, evitando pedidos emergenciais;
  • Registrar decisões de priorização em atas, memorandos ou registros internos;
  • Consultar a PROAD em caso de dúvidas sobre natureza de despesa ou viabilidade da contratação;
  • Acompanhar, ao longo do ano, o que foi empenhado, liquidado e pago para a unidade;
  • Revisar o Plano de Trabalho anualmente, aprendendo com a execução anterior.
Unidades que planejam cedo, mantêm um contato constante com a PROAD e registram suas decisões tendem a ter menos problemas e aproveitam melhor o orçamento descentralizado.

Erros a evitar

  • Planejar despesas sem verificar se há condições legais para contratar o objeto desejado;
  • Utilizar o orçamento descentralizado como se fosse “verba livre”, sem alinhamento com as prioridades institucionais;
  • Solicitar contratações perto do encerramento do exercício, aumentando o risco de restos a pagar ou de perda do limite;
  • Deixar de acompanhar prazos de contratos, entregas e vigência de serviços;
  • Não comunicar à PROAD mudanças significativas no planejamento (cancelamento de projetos, mudança de foco etc.).

8. Perguntas frequentes (FAQ) Dúvidas recorrentes

Minha unidade precisa de orçamento descentralizado para qualquer despesa?

Não. Muitas despesas são geridas de forma centralizada (por exemplo, contratos gerais de limpeza, vigilância, TI central, entre outros). O orçamento descentralizado é uma forma de dar maior autonomia planejada às unidades, mas não substitui todas as ações centralizadas da instituição.

Posso alterar o Plano de Trabalho ao longo do ano?

Em geral, sim, desde que haja justificativa e que as alterações sejam acordadas com a PROAD. Mudanças significativas de foco ou de natureza de despesa devem ser formalizadas por meio de processo SEI, para manter a rastreabilidade do planejamento.

O que acontece se uma despesa planejada não for executada até o final do exercício?

Caso a despesa não seja empenhada em tempo hábil, o recurso pode deixar de estar disponível para aquela finalidade naquele exercício, não sendo automaticamente transferido para o próximo ano. Por isso, é importante acompanhar prazos e cronogramas da execução.

Quem é responsável, em última instância, pela correta aplicação dos recursos?

A responsabilidade é compartilhada:

  • A unidade responde pela coerência do planejamento e pela correta utilização dos bens/serviços;
  • A PROAD responde pela conformidade orçamentária, financeira e legal da execução;
  • A UFJ, como um todo, responde perante os órgãos de controle.