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Lugar do SertÃo
Luiz Roncari¹

No que narrei, o senhor talvez até ache mais do que eu, a minha verdade
Grande Sertão: Veredas

O romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, é mais uma incursão no espaço que tanto excitou o imaginário brasileiro: o sertão. Um espaço movediço, sempre em fuga das expansões colonizadoras, refúgio dos que não se submetiam à dominação, à servidão, e ao baixo assalariamento; alternativa para aqueles que preferiam se colocar à margem, mas em liberdade (apesar de todas as leis e proibições, como a Lei das Terras, de 1850, que proibia a ocupação das terras devolutas do Estado). Por isso um lugar também do medo, perigoso de percorrer por causa da escória que ali vivia, e ameaça constante para aqueles cujas fortunas dependiam da exploração da mão-de-obra alheia. Fugir para o sertão era escapar à coação ao trabalho, à vigilância e ao controle de feitores.
Medo e liberdade, temor e aventura, sentimentos contraditórios que o sertão despertou no imaginário brasileiro, localizando em si o mistério, contraponto interior das luzes européias.

Espaço móvel
O sertão não é um lugar definido, é um espaço onde se exila o homem que se auto-desterrou, “o sertão é o terreno da eternidade, da solidão... No sertão, o homem é o eu que ainda não encontrou um tu; por isso ali os anjos ou o diabo manuseiam a língua”, a pátria do escritor, diz Guimarães numa entrevista. Nesse espaço não se permite o pouso e a morada, quem aí entra, está condenado a vagar sempre:
Medeiro Vaz, antes de sair por Minas Gerais com mão de justiça, botou fogo em sua casa, nem das cinzas carecia a possessão. Casas, por ordem minha aos bradados, eu incendiei: eu ficava escutando – o barulho de coisas rompendo e caindo, e estralando surdo, desamparadas, lá dentro. Sertão!

Como quem incendeia a casa, seu porto-seguro, Guimarães Rosa demole cada palavra ao entrar no sertão, e com ela a língua, sua cidade. Nesse especo móvel, da indefinição, ambigüidade e aventura, é preciso estar sempre acordado, dentro e fora, no pensamento e na fala, para responder aos desafios; tudo é desafio, a repetição e a resposta automática são coisas que não se conhece. Tudo é possível, um mundo sem famílias: a distância e distinção entre substantivos, adjetivos e verbos quase desapareceram, as palavras travestiram e estabeleceram relações suspeitas entre si, deixaram de ser estátuas rígidas para se agitarem na mascarada das frases: quem é quem? Quem é o quê? “Tu é existível, Guirigó...”
No Brasil, o sertão era o não-lugar, o que estava fora, e vinha depois da fronteira do habitável (também fora dos hábitos), onde não chegavam o comércio regular, as leis do Estado, os preceitos da Igreja e o poder das autoridades. Era o desconhecido e de onde vinham as ameaças. Região do homem-livre: nem escravo nem senhor. Ir para o sertão era se perder, estar perdido para a boa sociedade. O lugar das feras, dos bugres selvagens, dos bandos de escravos fugidos, das maltas de traficantes e contrabandistas. O sertão era perigoso, metia medo. O cidadão olhou o sertão com atração e pavor, e quando lá entrou, foi fortemente armado para conquistar, e se tornou herói: os bandeirantes, mineradores e traficantes de escravos, os desbravadores, as expedições militares, Rondon, Antônio das Mortes, Jerônimo. Refúgio das raças, índios, negros, mestiços, branços livres; ninguém sabia o que se passava nas suas noites, em torno das fogueiras... As virgens eram raptadas dos gineceus das casas dos senhores e levadas para o sertão. Acabavam se tornando santas e erguiam capelinhas para elas.
Quem entrava no sertão voltava contando estórias, aventuras, era o lugar das fabulas: o menino, antes de adormecer, se transportava para aquele lugar fantástico, tão distante e tão perto. Lugar dos sonhos, o mesmo onde residia o medo; paradoxo que fecundou a literatura brasileira. José de Alencar: as palavras tiveram de se desdobrar para preencher a exuberância captada pelo olhar, era preciso anular o medo inoculado na criança, negar um dos termos do paradoxo para reverter o efeito do sertão sobre o imaginário, mesmo que fosse às custas do realismo.

Figura marginal
Por que o sertão? Por que Guimarães Rosa localiza quase todas as suas narrativas no sertão, fora e distante dos centros urbanos e de comércio?
No Grande Sertão o dinheiro é uma figura marginal, não ajuda a explicar as motivações das personagens e suas relações. O significado do dinheiro é o da aceitação de um equivalente geral que mede valor dos objetos e os hierarquiza numa ordem própria. Cria uma ordem de valores da qual não é possível fugir. Com isso, deixa de ser o indivíduo que estabelece o valor das coisas, ficando para eles apenas a alternativa de aceitar ou não aquela ordem externa. No mundo do sertão, a regra ainda é a do valor de uso: todo valor ainda está por ser demonstrado e merecido: nada é, tudo pode ser e pode não ser. Ainda não se impôs essa ordem externa que cria uma esfera da aparência, ora se confunde e ora conflita com as motivações internas do indivíduo.
No romance, Guimarães Rosa está aparentemente mais próximo do interlocutor que do narrador (Riobaldo). O leitor o identifica mais rapidamente com o homem de cultura que foi ouvir e anotar a fala do homem do sertão. Mas, pela origem, vivência e afinidade, Guimarães se considerava um sertanejo, ainda que sua formação projetasse dele uma outra aparência. A distância criada entre o narrador e o interlocutor pode ter sido um recurso criado para aproximar mais o último do leitor e permitir ao primeiro toda liberdade para recorrência, reiteração e explicação, já que estava falando para ouvidos estranhos. É uma experiência interessante de desdobramento de personalidade: afastar o ouvido da boca e personificá-los como seres distintos e de mundos opostos. Os ouvidos da civilização diante da expressão do sertão; a cultura na posição modesta de ouvinte ocupado em anotar. Tanto as situações quanto o foco de atração estão invertidos (revertem o sentido das representações construídas do processo histórico): é a cidade/moderno encantada com o sertão/atrasado, num processo em que a escrita se desmonta para registrar a fala. Esta se estrutura como valor de uso, mantém-se sempre aquém e além das normas externas e das codificações, embora em si os germes de todas as convenções. Mas a atitude do interlocutor (ou dos ouvidos, já que partimos de que se trata de um desdobramento do mesmo ser, ou dois papéis feitos pelo mesmo ator que encena suas verdades) é diferente da do antropólogo que apenas registra e interpreta. Entre ouvidos e a boca se estabelece uma atitude de respeito mútuo, sem que um se anule diante do outro (anular-se, como o antropólogo, é ser tão paternalista quanto civilizador), mas se encontrem no terreno comum, no da língua, no sertão onde os dois se aventuraram (o guerreiro e o poeta) e já não se encontram mais, mas guardam a sua memória: um, a dos atos, outro, a dos signos. O que os une é a aventura, no sertão da luta ou das palavras, em que ambos desmercantilizaram suas experiências. “Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar.”
Ser..., nem senhor nem servo da língua.
No sertão é onde o homem entra em contato direto com as forças do bem e do mal, da vida e da morte, e se prova diante delas: travessia. Ao longo dela é que as pessoas se definem pelo que são, sem que tenha ainda se imposto a dialética das aparências com seus fantasmas: valor de uso/valor de troca. Mesmo Diadorim, jagunço/moça-virgem, enigma e metáfora da palavra que é nova e conhecida o mesmo tempo, que desconcerta Riobaldo, é tato um ser de jagunço num corpo de moça (desde de menino/menina, o primeiro encontro com Riobaldo), como um ser de moça com roupas de jagunço. Ficamos sem saber o que é menos disfarce em Diadorim: se seus paramentos e usos de jagunço ou o corpo de moça.

O certo e o errado
No sertão não chegavam a lei e a ordem. As cidades, fixas e seguras, estavam opostas a ele,
o sertão está movimentante todo-tempo – salvo que o senhor não vê: é que nem braços de balança, para enormes efeitos de leves pesos... Rodeando por terras tão longe: mas eu tinha raiva surda das grandes cidades que há, que eu desconhecia. Raiva – porque eu não era delas, produzido.

Os homens do sertão regiam suas próprias vidas, sem um código preciso para dizer o que é certo ou errado, “no centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de maior juízo!”, o pensamento deve estar sempre aberto à ponderação, sem os automatismos da vida cidadã, “Ah, tempo de jagunço tinha mesmo de acabar, cidade acaba com o sertão. Acaba?” A dúvida deixa ao movimento do sertão uma perspectiva de transcendência, que resiste a qualquer tentativa de ordem fixa que se queria lhe impor:
Rebulir com o sertão, como dono? Mas o sertão era para, aos poucos e poucos, se ir obedecendo a ele: não era para a força se compor. Todos que malmontam no sertão só alcançam de reger em rédea por uns trechos; que sorrateiro o sertão vai virando tigre debaixo da sela.

A ausência de ordem no sertão não é a desordem, é apenas a não-garantia de sentido, portanto, a única lei do sertão é a da procura .A oposição entre sertão e cidade não segue o modelo maniqueísta de oposição entre o bem e o mal, certo e o errado, a ordem e a desordem, o atrasado e o moderno, o puro e o impuro, etc. A distinção dos espaços se define pelas posições diferentes que os homens ocupam neles: como seres regentes ou rígidos. A cidade tem suas leis que regem os homens; no sertão o homem é regente e, enquanto tal, pode se revelar pelo bem ou pelo mal, não segundo as leis externas que os julgam, mas segundo os sentidos dos pactos que fazem. É a força da natureza de cada um que fala, com suas bravuras ou fraquezas, de onde surge um sentido que pode ser avaliado moralmente: “Que Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe – mas quem quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo. O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?” E o sertão não é lugar onde se entra e de onde se sai, onde o estar define o ser, antes é uma forma de ser e de se relacionar com o espaço: “O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa.”
Como não existe uma ordem exterior normativa, cabe a cada um decidir sobre seus impulsos: “Sertão: é dentro da gente.” O dentro é a região do discurso interior, onde se seleciona o que se exteriorizará através da fala ou da ação, não para a construção da aparência, mas para a construção do ser do sertão, o eu jagunço, “jagunço é o sertão”. É também para onde refluem as lembranças a serem realimentadas, de modo que se tornem palavras ou ações igualmente fortes: “os dias que são passados vão indo em fila para o sertão. Voltam como os cavalos: os cavaleiros na madrugada – como os cavalos se arraçoam.”
O outro lado, a cidade, é o lugar do discurso cansado:
Dizendo (Zé Bebelo) que, depois, estável que abolisse o jaguncismo, e deputado fosse, então reluzia perfeito o Norte, botando pontes, baseando fábricas, remediando a saúde de todos, preenchendo a pobreza, estreando mil escolas. Começava por ai, durava um tempo, crescendo voz na fraseação o muito instruído no jornal. Ia me enjoando. Porque completava sempre a mesmo coisa.

As palavras já não são mais como os cavalos na madrugada que se arraçoam ou irmãs dos signos que enunciam as ordens turbulentas do sertão, como são descritas nesta passagem: “Que é que diz o fartal das folhas? Estes gerais enormes, em ventos danando em raios, e fúria, o armar do trovão, as feras onças.” O discurso cidadão é agora um animal domesticado, sempre com uma mentira incubada na sua verdade, que a torna algo morto e sem a emoção do corpo:
Aquele encontro nosso se deu sem o razoável comum (episódio do encontro com Diadorim quando era ainda o menino Reinaldo), sobrefalseado, como do que só em jornal e livro é que se lê. Mesmo o que estou contando, depois é que eu pude reunir relembrado e verdadeiramente entendido – porque, enquanto coisa assim se ata, a gente se sente assim é o que o corpo a próprio é: coração bem batendo.

Mesmo quando lírica, na linguagem da cidade, a mentira é mais forte. Assim, numa conversa entre Riobaldo e Otacília, em que a fala é “revirada” e transformada numa arma sem riscos “fala de livro”, formadora de imagens falsas “poetagem”, criando com isso um poder sutil sobre a pessoa:
Reveirei meu fraseado.quis falar em coração fiel e sentidas coisas. Poetagem. Mas era o que eu sincero queria – como em fala de livros, o senhor sabe: de bel-ver, bel-fazer e bel-amar. O que uma mocinha assim governa, sem precisão da armas e galopes, guardada macia e fina em sua casa-grande, sorrindo santinha no alto da alpendrada...

Oco do sertão
De todos os destinos, o que menos convinha, pelo menos é o que Riobaldo descarta, seria o de morrer nessa linguagem:
E Zé Bebelo corrigiu, para eu ouvir, os projetos que ele tinha. Aí, aí, fanfarrices. Não queria saber do sertão, agora ia para a capital, grande cidade. Mover comércio, estudar para advogado.
– Lá eu quero deduzir meus feitos em jornal, com retratos... A gente descreve as passagens de nossas guerras, fama devida.
 – Da minha, não senhor! – eu fechei. Distrair gente com o meu nome... Então ele desconversou.

“O senhor vê aonde é o sertão? Beira dele, meio dele?... Tudo sai é mesmo de escuros buracos, tirante o que vem do céu. Eu sei.”
O sertão é a voragem... Existe um modelo interpretativo da cultura brasileira apoiado na oposição entre o arcaico e o moderno. Um ray-ban muito cômodo para o sol do agreste. Sempre termina numa condenação jesuítica da corrupção da pureza ou numa nova síntese do baião eletrônico. O sertão não é a virgem rasgada de estradas que cruzam seu corpo como cicatrizes latejantes. Nem a aproximação de dois desconhecidos, tendo entre si um espelho de face dupla ou um liquidificador. “Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.” Está mais próximo do ar e da água que da topografia de que se toma posse; antes, se é possuído. A dialética das relações no sertão de Guimarães Rosa ainda é mais bem definida pelo conceito de obnubilação de Araripe Jr.: “A força impulsiva autóctone subordinará o influxo civilizador vindo de fora e fá-lo-á entrar em circulação como meio de aperfeiçoamento mas não como única condição de existência.”
O moderno, entrando na linguagem do sertão como um novo verbo, liberta-se da lei e da ordem gramatical, da regência fixa condenada a operar eternamente com os conceitos simples de certo e errado, do congelamento semântico e ortográfico das palavras dicionarizadas. O sertão é a voragem que absorve e transfigura, alivia a palavra das condenações sofridas e dos pesos das penas dos sentidos, soltando suas amarras e deixando-as flutuar segundo os impulsos da fala. Assim o recém-chegado no sertão, o bem-comportado nome alemão, Walter, desprendeu-se da inscrição segura e entrou oscilante como uma pluma na nova ordem verbal:
Eles têm um filho duns dez anos, chamado Valtêi – nome moderno, é o que o povo daqui agora aprecêia, o senhor sabe. Pois essezinho, essezim, desde que algum entendimento aluminou nele, feito mostrou o que é: pedido madrastro, azedo queimado, gostoso de ruim de dentro do fundo das espécies de sua natureza.

Na voragem o verbal é mais forte que o gramatical, as voltas em círculo dizem mais que a pressa em linha reta, e, para preservar a ambigüidade do sentido, é preciso resistir à ordem. O portador do moderno, como o comerciante “estranja” Vupes, também alemão, tinha as marcas de suas mercadorias deformadas pela fala, como “as ferramentas rógers e roscofes”. Mas o que interessa é o processo dessa transfiguração, pois ele revela uma mudança fundamental nas relações homem–palavra e homem–objeto. O homem deixa de submeter-se aos nomes dos objetos para transfigurá-los, mostrando sua ascendência sobre eles e reafirmando sua soberania sobre as palavras e as coisas. Esse processo aparece em todos os seus momentos, como as cadeias de uma reação química, com o nome do comerciante: “E como é mesmo que o senhor fraseia? Wusp? È. Se o Emílio Wuspes... Wúpsis... Vupses. Pois esse Vupes apareceu lá.” É uma seqüência magnífica que torna transparente o processo. Riobaldo recebe o nome estranho Wusp sem se assustar, experimenta-o na entonação alemã (itálico), promove a primeira mudança na entonação, Wuspes, hesita e retorna para a antiga, mas já com uma mudança na pronuncia, Wúpsi, aqui define os acentos e salta para uma ruptura com determinações, afirmando sua vontade, Vupses, e, como num golpe final, retorna inteiramente ao ponto de partida, como se tivesse refeito ao nível da consciência a trajetória de seu processo de assenhoramento dos nomes, Vupes. O seu poder não é o de aprender o nome correto, é o de corrigir os nomes das coisas (ainda que aqui seja o de um homem). Na flexibilidade da ordem da fala, ao contrário da “dos jornais e livros”, as palavras não andam sozinhas, sem seus sons e gestos, olhares que selecionam as anotações que devem acompanhá-las, transformá-las e descongelá-las expressivamente.
À ordem do sertão, em que cada um é regente, cria e interfere no mundo da linguagem, sucede uma outra, prosaica, da autoridade, que chega e se impõe, vindo com ela a ameaça:
A Guararavacã do Guaicuí: o senhor tome nota deste nome. Mas, não tem mais, não encontra – de derradeiro, ali se chama é Caixeirópolis; e dizem que lá agora dá febres. Naquele tempo, não dava. Não me alembro. Mas foi nesse lugar, no tempo dito, que meus destinos foram fechados. Será que tem um ponto certo, dele a gente a gente não podendo mais voltar para trás? Travessia de minha vida. Guararavacã – o senhor veja, o senhor escreva. As grandes coisas, antes de acontecerem. Agora, o mundo quer ficar sem sertão. Caixeirópolis, ouvi dizer. Acho que nem coisas assim não acontecem mais. Se um dia acontecer, o mundo se acaba. Guararavacã. O senhor vá escutando.

Entre a dignidade e força expressiva dessa serpente de as que termina com um incisivo vacã, Guararavacã, e o prosaísmo dessa cidade de caixeiros, Caixeirópolis, o sertão da linguagem vai mudando, movimentante, “o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados”, móvel como os redemoinhos das águas e dos ventos que as barreiras não cercam, apenas destroem seu passado que se apaga. Mas a linguagem ressurge dos “escuros buracos”, como a voragem, onde ninguém espera, “o senhor querendo procurar, nunca não encontra. De repente, por si, o sertão vem.


¹ Professor de literatura brasileira na USP e autor de Literatura Brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos, 2ª ed., São Paulo: Edups, 2002; e O Brasil de Rosa (O amor e o poder), São Paulo: Editora Unesp, 2004.
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