NOTA
CONTRA A HOMOFOBIA E PELA CIDADANIA
Nós, feministas e militantes do PPS,
vimos participar do debate sobre o Kit anti-homofobia, cuja divulgação foi
recentemente cancelada pela presidente Dilma.
Inicialmente queremos nos
solidarizar com a comunidade LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais na luta contra a homofobia no Brasil, que violenta
mulheres e homens, particularmente os/as jovens. Reconhecemos a
diversidade sexual e o direito inconteste e privado de vivência da sexualidade
e do direito à constituição de casal e de família de todas as pessoas. Esta é
uma luta justa, da qual nos sentimos partícipes. No início de maio, o Supremo
Tribunal Federal em uma decisão corajosa e progressista reconheceu a união
homossexual em igualdade de direitos e de obrigações com as uniões
heterossexuais, ambas entidades familiares merecedoras
do apoio do Estado. Esta decisão veio na lacuna da função parlamentar,
destacando-se que em 1995 foi apresentado projeto de lei regulamentando a
parceria civil entre pessoas do mesmo sexo, sem a devida apreciação, desde
então. Há mais de dez anos tramita no Senado Federal proposição legislativa que
pune a homofobia também sem apreciação até o momento.
O Estado brasileiro, que deve pautar-se pela laicidade,
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência precisa se
implicar no enfrentamento do preconceito e da violência contra lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais, praticadas cotidianamente. Destaca-se que
ações nesse sentido vêm sendo realizadas: a I Conferência Nacional LGBT (2008);
o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (2009); a
criação da Coordenação Geral de Promoção dos Direitos de LGBP (2010); e a
criação do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos
de LGBT (2001). Estas medidas são da maior importância como
políticas públicas de combate à homofobia e àqueles que discriminam as
pessoas em função de sua orientação sexual e identidade de gênero. No entanto,
o veto da presidente à campanha contra a homofobia – que faz uso de vídeos,
cartilhas, cartazes e outros instrumentos que seriam distribuídos pelo
Ministério da Educação a 6 mil escolas de ensino médio
no país – constitui um imenso retrocesso político e expressa fortes vinculações
com a ação de forças religiosas conservadoras e fundamentalistas.
Consideramos da maior importância a
parceria do Estado com organizações não governamentais e movimentos sociais no
enfrentamento de todo tipo de preconceito e de violência e na defesa e promoção
dos direitos sociais, econômicos, políticos e ambientais de todos.
Consideramos que os direitos sexuais e de identidade de gênero integram a
dimensão dos direitos humanos e de cidadania e são fundamentais para o
aprofundamento da democracia no Brasil e para a construção de uma sociedade
mais humana, fraterna, de justiça e igualdade social.
Brasília, 1º de junho de 2011
Almira Rodrigues (Psicanalista-DF)
Maria José Moraes Antunes (Enfermeira e professora de
saúde pública-MG/MA)