Nota
Oficial de Repúdio
da rede CONEXÃO PAULISTA LGBT, da FRENTE
PAULISTA CONTRA A HOMOFOBIA E DO GADvS
– GRUPO DE ADVOGADOS PELA DIVERSIDADE SEXUAL sobre a suspensão do kit
educativo do projeto Escola Sem Homofobia.
A FRENTE PAULISTA CONTRA A
HOMOFOBIA – iniciativa de
união de grupos do movimento social LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis
e Transexuais), de partidos políticos, órgãos públicos municipais e estaduais
de São Paulo, entidades religiosas, centrais e sindicatos de diversas
categorias de trabalhadores, entidades representativas de segmentos da
iniciativa privada e cidadãos e cidadãs paulistas que atuam contra a homofobia,
a CONEXÃO PAULISTA LGBT e o GADvS
– GRUPO DE ADVOGADOS PELA DIVERSIDADE SEXUAL, em atenção à decisão da Presidenta Dilma Roussef de suspender a produção e a distribuição do kit
anti-homofobia junto às escolas públicas brasileiras, que estava em
planejamento no Ministério da Educação, vem se manifestar nos seguintes termos:
Tal
notícia causa consternação e indignação às pessoas jurídicas e cidadãos e
cidadãs integrantes da Frente,
da Conexão e do GADvS, em vista da
excelência do conteúdo programático e da finalidade de promover conscientização
acerca do respeito à dignidade da pessoa humana e do combate à homofobia constante
no referido Kit anti-homofobia.
Os jovens alunos e alunas das escolas públicas ficarão privados de acesso a
informação privilegiada para a formação do caráter e da consciência de
cidadania de uma geracao livre de preconceitos e violencia,
ou violacao de direitos.
Este é
um retrocesso que o Governo Federal está impondo à luta pela igualdade e pelo
respeito à livre orientação sexual das pessoas. É um retrocesso na luta por uma
educação de qualidade que liberta. É sabido que setores conservadores da sociedade
brasileira – atrasados, retrógrados e desprovidos de conhecimentos segundo os
quais direitos sexuais são elementos constitutivos dos direitos fundamentais da
pessoa humana - têm se manifestado e atuado de
modo a reforçar e a manter vários cidadãos e cidadãs brasileiros sob o julgo do
preconceito e da discriminação por orientação sexual. E, nesta perspectiva,
atuaram com forte pressão para a suspensão da distribuição do kit anti-homofobia. Afinal, o kit anti-homofobia não faz “propaganda de opção sexual”
(sic), a uma porque orientação sexual e identidade de gênero não são passíveis
de “escolha” ou “ensinamento”, sendo que as pessoas simplesmente se descobrem como homossexuais, heterossexuais,
bissexuais, travestis ou transexuais independentemente de escolhas ou
ensinamentos, como é notório e basilar a qualquer pessoa que estude minimamente
o tema; a outra porque o kit
anti-homofobia não pretende
nada mais do que conscientizar professores e alunos adolescentes de que a
homossexualidade, a bissexualidade, a travestilidade
e a transexualidade são modos de ser de determinadas pessoas que merecem igual
respeito e consideração por parte da sociedade relativamente ao respeito e
consideração destinados à heterossexualidade, de sorte a promover um ambiente
social pluralista e respeitador das diferenças, o que é inerente à vida em
sociedade.
Nos
últimos anos, a sociedade brasileira tem sido instada a refletir sobre a
importância de proteger crianças e adolescentes da violência oriunda do bullying – como aquela decorrente do bullying homofóbico e de tantas outras oriundas
da intolerância e do preconceito. Nesta perspectiva, a Frente, a Conexão e o GADvS esperam que a Presidenta da
República reconsidere sua posição, para restabelecer a programação de
distribuição do kit
anti-homofobia junto às
escolas públicas brasileiras, sabendo ser forte o suficiente para não sucumbir
às pressões de setores conservadores e distantes da realidade social
brasileira.
Fora
também divulgada notícia de manobra política visando "blindar" as
investigações acerca da evolução patrimonial do atual Ministro da Casa Civil
Antonio Palocci, consistente em troca de favores, na qual os setores
conservadores anuiriam em uma operação "abafa" das investigações,
desde que o governo federal suspendesse a distribuição do kit anti-homofobia.
Esclareça-se, desde já, que a Frente, a Conexão e o GADvS não pactuam com tais práticas políticas
de temerária honradez, enfatizando que a laicidade do estado, o combate à
homofobia, a transparência dos atos públicos e o combate à corrupção são
elementos fundamentais na construção de uma República, que é a esperança do
Brasil.
Nesse
sentido, vale dizer que embora a disputa de interesses seja à democracia,
com diferentes grupos se contrapondo por intermédio de de ações políticas com o intuito de concretizarem
seus projetos sociais conforme seus pontos de vista, é de se criticar a postura
da chamada Bancada Religiosa do Congresso
Nacional, que se tem ocupado de tentar obstruir quaisquer conquistas dos
cidadãos LGBT, e dos benefícios dessas conquistas à sociedade em geral,
apenas por essas pessoas serem o que são. Dessa forma, cria-se um
antagonismo político baseado em sexualidade, que é atributo essencial da
pessoa humana, assim como o são raça, etnia e cor da pele, à semelhança de
regimes que dizimaram ou impuseram submissão a milhões de pessoas em todo
o mundo, com o que não se pode aceitar em razão da verdadeira opressão que
a negativa de direitos por questões tão íntimas e indispensáveis à vida humana geram.
A
decisão da Exma. Sra.
Presidenta de suspender o referido projeto não é de interesse exclusivo da
população LGBT. Trata-se de um precedente temerário que submete os
Direitos Humanos à uma política nefanda e exige uma
manifestação vigorosa da sociedade. Por isso, conclamamos Vossa
Excelência a reconsiderar a referida decisão, respeitando os pareceres técnicos
do MEC e da UNESCO que já aprovaram o referido material, de sorte a concretizar
o Brasil Sem Homofobia no âmbito das escolas, para que
possamos ter esperanças de, um dia, termos Escolas
Sem Homofobia.
Sem
mais para o momento, subscrevemo-nos.
FRENTE
PAULISTA CONTRA A HOMOFOBIA
CONEXÃO
PAULISTA LGBT
GADvS –
GRUPO DE ADVOGADOS PELA DIVERSIDADE SEXUAL